terça-feira, 24 de maio de 2016

017 - Os impressos e o desenvolvimento intelectual


O cânion do Itaimbezinho (do Tupi: pedra cortada) é uma imensa e tortuosa linha de escarpas paralelas. Sempre tive curiosidade em ver sua nascente minúscula, que depois serpenteia e amplia, com 5,8km de extensão e 720m de altura, separando os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Num rigoroso inverno passado, com a esposa, munidos de coragem e determinação, fomos com nossa “casa rodante” até Praia Grande (sopé da Serra do Mar). Ali contratamos um guia (numa velha Kombi) e subimos a montanha, agitando-nos por caminhos quase inacessíveis e paisagens maravilhosas.
  
Solitários e deslumbrados naquele gélido paraíso natural, ao caminhar no alto do penhasco, encontramos ali dois senhores que lá também percorriam.
 
Um deles despertou-me curiosidade, pois ao conversarmos sobre nossas atividades, ele declarou: “sou um humilde cidadão, governador do estado que aqui inicia”.
O inusitado fato tornou-me simpatizante e leitor dos escritos publicados deste, depois senador, Luiz Henrique da Silveira (infelizmente já falecido).
 
 
Num destes artigos, descreve ele sobre o possível desaparecimento dos jornais, livros e revistas.
Questiona sobre o anunciado fim do prazer de percorrer as estantes das livrarias, de receber o jornal na nossa casa, de folhar a revista preferida,...
E cita o peruano Mario Vargas Llosa, quando este alerta, com plena razão, que: “se o mundo continuar o processo, no qual a palavra impressa está sendo substituída pelo audiovisual, corremos o risco que desapareça a liberdade, a capacidade de refletir, de imaginar, além de outras instituições, como a democracia. Pois a linguagem impressa desenvolve um efeito criativo e intelectual que é eliminado com o visual. A leitura cria cidadãos mais críticos e responsáveis, contribuindo para um mundo melhor.”
 
Voltando à minha infinda experiência de leitura, lembro que, no meu décimo aniversário, papai me presenteou com uma pesada coleção de 18 volumes do Tesouro da Juventude.  Confesso que, no dia eu preferiria um aviãozinho de montar, mas como intermitentemente o papai exigia que eu comentasse algum assunto lido, fui, aos poucos, mergulhando no grande fascínio da leitura, um sublime prazer que alimenta o intelecto, cujo encanto eu sempre manterei. 
E, para finalizar, ao receber hoje mais um fantástico presente: meu segundo neto está a caminho, lembrei-me das palavras daquele governador:
“Quando encerrar meu mandato, vou iniciar o tratamento que preciso fazer, que é o da netoterapia..  E vou ler e escrever."
 
 
Enfim, diariamente homenageio os autores dos livros, revistas e jornais, são eles os pais do meu exército de papel, tão responsáveis pela evolução minha... e do mundo.
 
Prof. Eng. Darlou D'Arisbo
 
 
 


 

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