domingo, 12 de julho de 2015

014 - Somos o que acreditamos ser

“É vedada a utilização de quaisquer informações contidas nestas publicações, sem autorização expressa de seu autor, sob pena de indenização judicial.”
 
Um cientista, da Universidade de Phoenix Arizona, queria provar a tese do controle psicológico sobre as reações fisiológicas de nosso organismo. Conseguiu, na Penitenciária Federal, um voluntário condenado à morte, que seria executado na cadeira elétrica.
Devidamente autorizado pela Corte, o cientista propôs ao condenado o seguinte: Ele participaria de uma experiência científica, na qual seria feito um pequeno corte em seu pulso, suficiente para gotejar o seu sangue até a última gota.
Assim, teria uma chance de sobreviver, pois o sangue poderia coagular e estancar o ferimento. Se isso acontecesse, ele ganharia a liberdade, caso contrário, ele iria falecer pela perda do sangue, porém teria uma morte sem sofrimento e sem dor. O condenado aceitou, pois era preferível assim a morrer na cadeira elétrica, e ainda teria a chance de sobreviver.
O condenado foi então colocado em uma cama alta de hospital e teve seu corpo imobilizado para que não se movesse. Fizeram um pequeno corte em seu pulso, amarrado na borda do leito, e foi colocada uma pequena vasilha de alumínio, logo abaixo, para que ele pudesse ouvir o gotejar do sangue no recipiente.
 
 
O corte foi superficial e não atingiu qualquer veia ou artéria, mas suficiente para que ele sentisse o pulso sendo cortado, embora sem sangrar. Ele ignorava que debaixo de sua cama tinha um frasco de soro com uma pequena válvula.
Ao ferir seu pulso, o cientista abriu a válvula do frasco para que ele acreditasse que era seu o sangue que estava pingando na vasilha. Na verdade, era o soro do frasco que gotejava. De 10 em 10 minutos, sem ser visto, o cientista fechava um pouco a válvula do frasco e o gotejamento diminuía. O condenado acreditava que seu sangue estava acabando.
Com o passar do tempo, foi perdendo a cor e ficando cada vez mais pálido. Quando o cientista fechou a válvula, o condenado teve uma parada cardíaca e morreu, sem ter perdido uma gota de sangue.
O cientista conseguiu provar que a mente humana cumpre ao pé da letra, tudo que lhe é enviado, seja positivo ou negativo e a reação envolve toda sua fisiologia, principalmente os órgãos visados.
Essa pesquisa revelou um alerta para filtrarmos o que enviamos para nossa mente, pois ela não distingue o real da fantasia, o certo do errado, simplesmente grava e executa o que lhe é enviado.
Darlou D’Arisbo - Antropometrista

sábado, 24 de janeiro de 2015

013 - Meu querido Land Rover

 
“É vedada a utilização de quaisquer informações contidas nestas publicações, sem autorização expressa de seu autor, sob pena de indenização judicial.”

Para uma criança ávida de informações, curiosa, meticulosa, investigativa no âmbito das intrincadas maquinetas, cada descoberta de funcionamento mecânico simbolizava uma vitória do saber sobre a ignorância.  Assim, eu desmontava brinquedos de corda (acionados por flexão de mola enrolada), inservíveis relógios de mesa, liquidificadores,..   As engrenagens, transmissão de movimento, ações de força motriz e outros componentes mecânicos fascinavam-me e constituiam meu fantástico universo.
Este conto integrou o livro “Apenas, uma miscelânea” de minha autoria

Meu querido Land Rover

No dia de meu oitavo aniversário (16 de julho de 1956), papai me deu o melhor e mais inesquecível presente de toda a minha vida. Claro que não dirigido exatamente para mim, pois que um veículo inglês e zero quilômetro, não consistiria em sensato presente para um pirralho de terceira série primária, embora eu fosse considerado pela família e amigos como um precoce “expert” em automóveis.   Mas juro que me imaginava proprietário dele. Papai seria apenas o motorista e eu amava aquele fantástico Land Rover, verde, novinho e cheiroso. E, pelas suas janelas, um novo mundo descortinou-se para mim. Nele, eu me sentia seguro, a vislumbrar paisagens antes nunca vistas, a ultrapassar obstáculos intransponíveis para os outros veículos. Dentre tantas outras memoráveis imagens, perpetuadas em minha memória, lembro quando rebocamos um caminhão carregado de cebolas, antes atolado nas areias da cidade de Torres, no litoral gaúcho.
Tal como algumas crianças, idolatravam personagens de revistas em quadrinhos ou filmes da época, o meu herói era metálico, real e valente como nenhum. Eu vibrava com a demonstração de força e capacidade do meu ídolo veicular.  E, como eu não entendia inglês, digeri todas as figuras do imenso manual do proprietário, deduzindo as informações, para auxiliar o papai na manutenção do veículo. Aliás, além das memoráveis e prazerosas viagens que fazíamos, minha alegria de final de semana era lavá-lo, verificar nível de óleo, de água, limpá-lo caprichosamente, até em seus detalhes com uma velha escova de dentes.
Aos poucos, papai foi me permitindo outros prazeres. Como eram três bancos dianteiros e independentes, eu ia sentado no do meio, mudando as marchas, engatando a tração dianteira ou a “reduzida” naquelas três alavancas coloridas, em perfeito sincronismo visual e auditivo.  E, por ser magrinho, enfiava-me por baixo do carro, para desparafusar o bujão de escoamento do cárter, na ocasião das trocas de óleo.  Uma vez fui repreendido pelo papai, ainda que delicadamente, por ter escoado o óleo da caixa de cambio em lugar do cárter. Não demorou muito e eu já desfilava, no colo do papai, deslumbrado na direção do Land Rover.

Land Rover 1

Meu ídolo foi mais que um herói de alumínio e aço. Foi um fantástico e metálico professor de mecânica. Nele aprendi, na primeira década de vida, o funcionamento do motor, da bomba elétrica de combustível (revolucionária para a época), articulações de tração dianteira, e outras tantas maravilhosas e férteis sementes que frutificaram meu conhecimento atual.  E atrapalhava os mecânicos da concessionária, ao meter-me entre eles, quando das revisões convencionais. Eu precisava entendê-lo, sentia necessidade de conhecer suas entranhas mecânicas, para poder sanar ou ajudar em caso de alguma possível e rara pane.
Anos depois, o demonstrado carinho ao Land Rover rendeu-me o mais fantástico prazer que poderia desfrutar um menino de dez anos. Foi no verão, quando papai foi caminhar na praia, enquanto eu brincava de pilotar o carro, estacionado em frente à nossa casa de veraneio.  Sozinho e transbordando coragem, girei a chave, dei ignição, pisei na embreagem e engatei a marcha, mas o medo venceu... Desengatei e desliguei. Com o coração acelerado e o suor escorrendo, pensei: “serei um frustrado, se não o fizer”.   Liguei novamente e, com perfeição, fui dirigindo até o final da rua (uns 200m), onde manobrei e voltei, estacionando no mesmo lugar, obviamente invertido.
Adormeci então em seu banco, na plena meia tarde, esgotado pelo êxtase da primeira vez em meu domínio completo da máquina.  Acredito que o meu querido Land Rover facilitou as coisas...  Logo depois, papai acordou-me, perguntando como o carro estava estacionado ao contrário. Tomei-me de coragem e admiti, tenso e gaguejante: “Tu não vais acreditar, pai, mas fui eu”. E, para minha surpresa, tomou-me no colo, abraçou e beijou-me.
Dois anos depois, tivemos o veiculo furtado. Com grande pesar, passamos a procurá-lo pela cidade. Encontramos nosso tão querido Land Rover irrecuperavelmente destroçado num depósito de carros acidentados.   Choramos abraçados, papai e eu, como nunca antes ou depois.
Darlou D’Arisbo

Os pequenos atos que fazemos são melhores que todos os grandes que planejamos. (George C. Marshall – general americano – 1880 / 1959 )